ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SEXTA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA LEGISLATURA, EM 06-12-2001.

 

 


Aos seis dias do mês de dezembro do ano dois mil e um, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezenove horas e vinte e dois minutos, constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão, destinada à entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Dorocy João Pereira, nos termos do Projeto de Resolução nº 081/01 (Processo nº 3606/01), de autoria do Vereador Elói Guimarães. Compuseram a MESA: o Vereador Fernando Záchia, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Herbert Bencke, Presidente do Lindóia Tênis Clube; o Senhor Dorocy João Pereira, Homenageado; o Vereador Elói Guimarães, na ocasião, Secretário "ad hoc". A seguir, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, ouvirem a execução do Hino Nacional e, após, concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Elói Guimarães, em nome das Bancadas do PTB, PT, PMDB, PC do B, PL, PHS, PPS e PSL, discorreu sobre a trajetória pessoal e profissional do Senhor Dorocy João Pereira, destacando a atuação de Sua Senhoria como empresário do ramo imobiliário, integrante do Rotary Club e ex-Presidente do Lindóia Tênis Clube e justificando os motivos que levaram Sua Excelência a propor a presente homenagem. A seguir, o Vereador Fernando Záchia convidou o Vereador Reginaldo Pujol a assumir a direção dos trabalhos e, após, foi dada continuidade às manifestações dos Senhores Vereadores. O Vereador João Carlos Nedel, em nome da Bancada do PPB, externou sua satisfação em participar da presente solenidade de entrega do Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Senhor Dorocy João Pereira, salientando a justeza da homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre a Sua Senhoria e destacando o trabalho filantrópico desenvolvido pelo Homenageado em diversas instituições. O Vereador João Bosco Vaz, em nome da Bancada do PDT, saudou o Senhor Dorocy João Pereira pelo recebimento do Título Honorífico de Cidadão Emérito, comentando dados alusivos à atuação empresarial desempenhada por Sua Senhoria e exaltando o desprendimento e a dedicação presentes no trabalho realizado pelo Homenageado no período em que presidiu o Lindóia Tênis Clube. A seguir, o Senhor Presidente convidou o Vereador Elói Guimarães para proceder à entrega do Diploma alusivo ao Título de Cidadão Emérito ao Senhor Dorocy João Pereira, concedendo a palavra ao Homenageado, que agradeceu o Título recebido. Após, o Senhor Presidente convidou os presentes para, em pé, ouvirem a execução do Hino Rio-Grandense, informou que, após o término da presente Sessão, seria realizado um coquetel de confraternização no “T Cultural Tereza Franco” do Palácio Aloísio Filho e, nada mais havendo a tratar, agradeceu a presença de todos, e declarou encerrados os trabalhos às vinte e uma horas e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Fernando Záchia e Reginaldo Pujol e secretariados pelo Vereador Isaac Elói Guimarães, como Secretário "ad hoc". Do que eu, Elói Guimarães, Secretário "ad hoc", determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão Solene destinada a homenagear o Sr. Dorocy João Pereira. Compõem a Mesa o Sr. Dorocy João Pereira; o Sr. Herbert Bencke, Presidente do Lindóia Tênis Clube.

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Nacional.

 

(Executa-se o Hino Nacional.)

 

Esta Presidência quer cumprimentar, em especial, o Ver. Elói Guimarães, o autor desta feliz proposição, que teve a aprovação unânime desta Casa na outorga do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Dorocy, permita-me chamá-lo assim, velho e querido amigo, companheiro do Sport Club Internacional, o que muito nos honra. Homem com quem eu tive o prazer de conviver, de conhecer mais profundamente, convivemos bons períodos, períodos até difíceis, juntos, mas nos períodos difíceis é que nós temos a capacidade de conhecer bem as pessoas, e o Dorocy é daqueles dos quais se guardam as melhores lembranças, pelo seu caráter, pela qualidade incomum que o Dorocy tem que é ser amigo de seus amigos.

Então, fico muito contente de, na minha gestão de Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, esta Sessão estar sendo realizada. Sinto-me feliz duplamente, Dorocy, sinto muita alegria de poder presidir uma Sessão em que a Cidade de Porto Alegre concede essa honraria a um homem que tanto fez e que tanto a merece. Quero, por isso, cumprimentar o Ver. Elói Guimarães pela sua brilhante e feliz idéia.

O Ver. Elói Guimarães, como proponente desta Sessão Solene, está com a palavra e falará em nome do PT, PTB, PMDB, PC do B, PL, PHS, PPS e PSL.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sr.ªs Vereadoras e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Quero cumprimentar os familiares do homenageado, a esposa, filhos, genros, netos e o mais recente rebento Gabriel, ex-Presidentes do Lindóia Tênis Clube, rotarianos, representantes de Capão da Canoa ligados ao Rotary e ao próprio Clube de Capão da Canoa, enfim, tantas pessoas aqui, prezado Dorocy, que vêm aqui para assistir a este ato, que nós reputamos como uma celebração muito importante, na medida em que a Câmara Municipal de Porto Alegre é a síntese da vontade da Cidade. Aqui, num verdadeiro mosaico, estão representadas todas as tendências do pensamento político da Cidade, de resto do Estado e do País.

Então, a cidadania que, também, a meu juízo, tem um conteúdo de homologação, não é uma criação da Casa. A Casa identifica, nas figuras das pessoas integrantes da nossa Cidade, aqueles que, pela sua ação, pela sua dedicação, pelo seu trabalho, pela sua vocação e compromissos com a Cidade, são dignos de serem escolhidos, e submete essa escolha a um processo eletivo, porque a matéria é votada e, enfim, concede a referida honraria.

Evidentemente, tantas e tantas outras figuras, ao longo do tempo, serão homenageadas, porque nós temos uma Cidade, um Município muito rico em valores humanos, em valores intelectuais, homens de ação. Isso é a Cidade. Não existissem homens aqui como o que nós homenageamos hoje, o Dorocy, a Cidade poderia não ter a dimensão política, a dimensão social e intelectual que possui.

Então é um momento muito importante para esta Casa, quando ela, representando a Cidade, representando o seu povo, tem a oportunidade de homenagear aqueles que, nos seus mais deferentes meios de ação, produzem, realizam, concretizam para a Cidade.

É muito fácil falar do nosso querido homenageado. Dorocy João Pereira é um homem conhecido da maioria, homem que tem uma folha de serviços magnífica e exemplar, em diferentes setores, não só na área econômica, onde com a sua empresa, pelo seu trabalho, exerce um papel extremamente importante para o engrandecimento da Cidade, numa área importante, que é a área da imobiliária. Mas ele também não se detém só na questão econômica; o nosso homenageado é um homem que tem uma vocação para a comunidade. Desportista, jogou futebol; é um homem de grande virtudes. Passou pelo Força e Luz, pelo Grêmio, pelo Internacional, enfim. E, às vezes, eu olho para o Dorocy e vejo nele sempre a mocidade. Por que essa mocidade, e essa juventude? Exatamente porque é um homem que pratica esporte. Não só se dedica a sua vida, ao seu labor, ao seu trabalho, ao seu dia-a-dia, construindo, mas também tem horas e momentos para a prática do esporte e para a dedicação ao seu semelhante, através das ações múltiplas que realiza no seu Rotary, e aqui estão seus companheiros de Rotary. Ele, Dorocy, com seus companheiros, que são verdadeiros criadores de Rotary. A participação do Dorocy na formação de Rotary em Porto Alegre, fora de Porto Alegre, é muito grande: Capão, Cachoeirinha e por aí se vai. É um homem que têm esses compromissos, ao lado dos seus compromissos de produzir.

Em linhas gerais, em síntese, é o nosso homenageado um homem que eu destacaria, como eu disse outro dia num encontro lá no Lindóia; o Lindóia, ao qual temos de, em uma data bem aprazada, fazer uma grande homenagem nesta Casa. O Dorocy, que foi Presidente do Lindóia, é uma figura permanente naquele Clube. O Lindóia teve e tem um papel importante na integração social da Zona Norte. O Lindóia Tênis Clube é uma espécie de baluarte social da Zona Norte, ao lado de tantos outros clubes daquela zona. O Dorocy, o nosso homenageado, passou por diferentes áreas na nossa Cidade, também deu contribuições significativas ao Internacional em diferentes setores já destacados aqui pelo Presidente da Casa. Esse é o nosso cidadão que, de há muito, reclamava justiça, ou seja, que lhe prestássemos a homenagem que hoje estamos prestando, por tudo o que ele tem feito, realizado, pela sua verdadeira integração com os diferentes setores, principalmente, basicamente, da Zona Norte. Diga-se de passagem, nós, aqui da Zona Norte, não estamos puxando o “assado para as nossas brasas”, mas, se há um quadrante, um setor, uma economia, uma sociedade importante deste Município importante que é Porto Alegre, é a Zona Norte. Ali, na minha opinião, se concentra o maior produto interno bruto de Porto Alegre, em diferentes áreas, porque temos também lá o Zequinha, embora este Vereador seja colorado, mas quem mora na Zona Norte também tem o seu Zequinha. Então é um território, é um espaço da Cidade extremamente importante pelas suas ações, e não se teria isso se não fossem os agentes dessa realidade. E os agentes dessa realidade são todos aqueles que lá convivem e vivem, e tantos aqui eu vejo, e o Dorocy é espécie de expoente, é um verdadeiro líder na sua atuação lá na Zona Norte de Porto Alegre. Recentemente, foi homenageado como Amigo do Bairro, um título altamente importante porque dá bem a medida e a dimensão do carinho que as pessoas têm pelo Dorocy.

Para a Câmara dos Vereadores, Dorocy, é uma imensa satisfação poder te homenagear, dizer do nosso agradecimento, e quando o fazemos é em nome da Cidade, porque aqui todos nós representamos parcela da Cidade de Porto Alegre. Então aqui fala a Cidade, nesta tribuna, pelos seus diferentes integrantes, quem está te agradecendo não é este Vereador, um mero instrumento da vontade da Cidade, é a própria Porto Alegre que te agradece pelo teu trabalho, pelas tuas lutas, pela tua dedicação diuturna, tu, que és um homem devotado, lutador persistente, que está permanentemente prestando relevantes serviços à Cidade de Porto Alegre. Recebe, pois, esta homenagem, que ela é de absoluta justiça, porque o nosso compromisso é revelar aqueles que, nas mais diferentes atividades, prestam serviços para a nossa Cidade. Estamos fazendo um preito de agradecimento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Fernando Záchia): Convido o Sr. 2º Vice-Presidente da Mesa Diretora, Ver. Reginaldo Pujol, para que pudesse, momentaneamente, presidir esta Sessão, porque, paralelamente a esta homenagem, em outra sala desta Casa, estamos também outorgando a entrega de um Título, e este Presidente vai ter de dividir a Presidência dos trabalhos, mas volto ainda em tempo de ouvir o Dorocy.

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Quero dizer do privilégio, da satisfação e da honra que tenho pelo fato de presidir parte desta Sessão que homenageia Dorocy João Pereira, por iniciativa do Ver. Elói Guimarães, que foi acolhida pela unanimidade da Casa, e que lhe concedeu o Título de Cidadão Honorário de Porto Alegre, fato hoje confirmado, formalmente, nesta Sessão Solene.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra e falará em nome da Bancada do PPB.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Cumprimento também aos familiares do nosso homenageado: a sua esposa Rejane; os seus filhos: Maristela, Rogério, Márcia e Gabriel; genros: Eduardo e Clóvis; as netas: Mariana, que diz que o Dorocy é a grande paixão dela, Fernanda e Gabriela; o irmão, Edemar Manoel; o tio, Pedro.

Sendo eu interiorano e tendo aqui fixado sólidas e inextirpáveis raízes de vida, formei com Porto Alegre, uma profunda relação de afeto. E, talvez, por ser oriundo de uma cidade simples, como é São Luiz Gonzaga, sempre vi Porto Alegre com olhos especiais, maravilhando-me com suas belezas naturais, as mesmas que fazem o encanto dos turistas e a alegria de seus residentes.

Do alto de seus inúmeros morros, onde correm mansos regatos e onde vicejam matas naturais, podem-se descortinar paisagens amplas e deslumbrantes, comparáveis às das mais privilegiadas cidades do mundo.

Ternamente abraçada pelo Guaíba, nosso rio caudaloso e amplo como um mar provinciano, Porto Alegre é cenário do mais belo pôr-do-sol que a maioria de nós jamais teve ocasião de admirar.

E o povo de Porto Alegre! Que gente admirável esses descendentes de portugueses, que não tiveram qualquer problema em se miscigenar com as mais variadas etnias que, amalgamadas pelos corpos e espíritos, dão consistência ao caráter de uma população reconhecidamente afável, generosa, brava, lutadora e perseverante.

Tudo isso fez com que, para mim, fosse muito fácil amar Porto Alegre. Penso nisso porque esta Casa homenageia hoje um porto-alegrense, um porto-alegrense nato, condição essa, por si só, suficiente para enquadrá-lo na categoria das pessoas especiais.

Mas, Dorocy João Pereira é especial entre os especiais, fato que a acuidade do ilustre Ver. Elói Guimarães torna público ao propor que lhe seja concedido o Título de Cidadão Emérito de Porto Alegre e aprovado pela unanimidade dos Srs. Vereadores desta Casa e que representam 100% da nossa população.

Dorocy João Pereira não é apenas um nativo de Porto Alegre, nem simples morador da Cidade. Dorocy João Pereira é um desses homens que faz da vida de Porto Alegre a sua própria vida. Desfruta com intensidade do quanto a Cidade lhe oferece, mas amarga com os seus problemas, não importando a sua magnitude. E, em razão deles, entrega-se ao trabalho comunitário e social, realizado pessoalmente ou através da entidades de que participa, como é o caso do Rotary Club, do Lindóia Tênis Club, da Sociedade Amigos Capão da Canoa e do Balneário Atlântico, e, especialmente, Dorocy João Pereira dá uma ajuda à Paroquia Cristo Redentor para recuperação do telhado da Igreja. Eu tenho certeza que o Padre Jacob, o Jaime, o Paulinho e toda a comunidade muito te agradecem.

Dorocy João Pereira é feliz, quando Porto Alegre é feliz; e sofre quando a Cidade sofre. Seu amor a Porto Alegre é um amor de filho e, por isso mesmo, intenso, aberto e também impulsivo e questionador.

Eu tenho certeza, por isso, Dorocy João Pereira, de que vives uma inquietação preocupante, neste momento da vida da Cidade, em que são alarmantes a insegurança, a falta de emprego e a falta de solução para alguns dos graves problemas atuais da Cidade, como é o caso dos alagamentos da Zona Norte, à qual, pessoalmente, tem dedicado boa parte do seu trabalho pessoal e profissional. Mas tenho igual certeza de que não se deixa abater por isso e que continuará a se empenhar, como até aqui, colaborando também com esta Casa para o bem comum, para que o bem comum possa ter vez em Porto Alegre.

Parabéns, Dorocy João Pereira, novo Cidadão Emérito de Porto Alegre. Este prêmio lhe é concedido pela nossa população, representada por todos os Vereadores que integram esta Casa, portanto espelha a gratidão do povo da Capital pelos tantos serviços a ela prestados.

Receba este Título juntamente com o nosso desejo de que o senhor possa ainda ter muitos anos de vida dedicados a Porto Alegre, amando-a, servindo-a como até aqui tem feito. E que Deus, Nosso Senhor, o abençoe. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): O Ver. João Bosco Vaz está com a palavra, em nome do PDT.

 

O SR. JOÃO BOSCO VAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda componentes da Mesa e demais presentes.) Velho Dorocy, de todas as horas, de todos os momentos, nosso homenageado, eu digo, sem medo de errar, Dorocy, que a tua vida se confunde muito com a vida daquela comunidade da Zona Norte, com a história do Lindóia, com a história do Internacional, com a história do Rotary e com a história dos teus amigos.

Eu tenho convivido muito com o Dorocy e com a Rejane nessas nossas andanças sociais por Porto Alegre. Eu fico me perguntando de onde Dorocy tira tanta disposição e principalmente tempo para poder atender todos esses seus compromissos. Primeiro, o compromisso com a sua família: é preciso ter o consentimento familiar para poder fazer todas as coisas que o Dorocy consegue fazer. Segundo, Velho, muitas vezes abrir mão da família, ter o consentimento para abrir mão da família, para poder, por exemplo, te dedicar ao Rotary Clube, um clube de serviço. Agora, para se dedicar ao Rotary Clube, um clube de serviço, Dorocy, é preciso abrir mão da vaidade, abrir mão das coisas materiais, abrir mão da ganância, abrir mão, muitas vezes, da supremacia. Nós somos seres humanos e muitas vezes nos colocamos acima, nos achamos superiores ao nosso irmão. E tu tens essa visibilidade. Eu pensava, agora, aqui – eu te conheço, Dorocy, há vinte e poucos anos –; lembro-me dos jantares só para homens que tu organizavas no Lindóia para poder construir aquele ginásio que lá está, o primeiro ginásio. Lembro-me da inauguração daquele ginásio, que nós levamos um time da crônica esportiva, Dorocy, para jogar naquele ginásio e inaugurá-lo.

Como empresário, gerador de riquezas, gerador de impostos, gerador de empregos, mas gerador da amizade, da solidariedade, da parceria. Eu nunca vi o Dorocy mudar, a não ser as cores do cabelo!

A sua maneira de ser, Dorocy, sempre com a voz calma, mansa, tranqüila, sofrendo com o Internacional, sofrendo com os momentos difíceis que o seu clube do coração, o Lindóia, passou. Mas o Dorocy, sempre o amigo, o parceiro – e uma coisa importante, Dorocy, que tu tens: saber dizer não. Eu já ouvi muitos da tua parte, mas é importante saber dizer não e manter a amizade, saber conversar, dialogar, acima de tudo saber ouvir. Todos nós temos as nossas inquietações, os nossos problemas, as nossas depressões. E todos nós precisamos uns dos outros. Nós, sozinhos, não somos ninguém, absolutamente ninguém! E assim como nós, muitas vezes, te procuramos, tu também, quantas vezes, já procuraste os amigos para poder talvez desabafar, trocar uma idéia, ter um conselho.

Bem, falaram os Vereadores Elói Guimarães e João Carlos Nedel que esta é uma homenagem da Cidade de Porto Alegre; é o resgate da cidadania, é o resgate da comunidade porto-alegrense de tudo aquilo que tens feito, de tudo aquilo que tens realizado e que, com certeza, vais continuar fazendo e realizando, e, acima de tudo, mantendo esse perfil de amigo dos teus amigos e de parceiro.

Quero deixar aqui o abraço do PDT, do meu Partido; quero saudar o Idenir Cechin, que é uma grande liderança da Zona Norte; o Delegado Pedro Selling, grande amigo e grande parceiro, e outros tantos amigos teus que aqui estão, que vieram te dar este abraço. É de coração esta homenagem que os Vereadores de Porto Alegre, que a Cidade realiza nesta tarde. Um beijo na tua alma; sucesso e saúde! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): É com satisfação que tenho parte ativa no desenvolvimento desta homenagem extremamente justa e adequada, como já acentuaram muito bem os três oradores que se manifestaram. Eu deveria usar a palavra em nome do PFL, mas a minha presença aqui na Mesa transforma desnecessária qualquer outra afirmação que não seja a de corroborar as manifestações que já ocorreram até o presente momento. Enfatizo a figura do empresário, do dirigente de clubes sociais, do dirigentes de entidades empresariais, do batalhador pelo Lindóia. Acentuo, sobremaneira, uma posição um tanto sofrida do dia presente, que é comum à grande massa esportiva do Estado, porque hoje nem os colorados nem os gremistas podem tocar flauta um no outro, mas a gente sabe do amor que o Dorocy tem ao Sport Club Internacional, a quem já se dedicou muito e vai se dedicar mais ainda.

Certamente, tudo isso dá uma conotação muito especial a esta nossa Sessão Solene da Câmara de Vereadores, repleta de pessoas significativas que mereceriam, inclusive, estar integrando esta Mesa e que só não integram por que, do contrário, nós teríamos uma super Mesa, maior até mesmo que o Plenário. Mas eu não posso deixar de registrar, porque é muito lisonjeiro para a Câmara Municipal, que nós possamos receber, hoje, pessoas como o magistrado Dr. Rubens Xavier, o Dr. Dante Rossi, o meu particular amigo e teu grande amigo, Luiz Eurico Valandro, o Léo Meira, o Salim Cabesch e por uma referência muito pessoal, que eu me solidarizo, o nosso querido amigo Antônio Carquege. Então, a todos, eu agradeço, em nome da Câmara Municipal, porque a nossa homenagem não teria o brilho que está tendo se não contasse com a presença dos senhores.

Convido o Ver. Elói Guimarães a proceder a entrega do Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre.

 

(Procede-se a entrega do Título.) ( (Palmas.)

 

O Sr. Dorocy João Pereira está com a palavra.

 

O SR. DOROCY JOÃO PEREIRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Somente para descontrair, porque estou tenso, eu digo a vocês que, se houver alguma falha, por favor, perdoem este modesto colaborador de todas as pessoas, que são meus amigos, porque efetivamente é uma honra muito grande recebermos um Título desta natureza. Dito isso, isso posto, no termo jurídico, Dr. Dante Rossi, eu inicio a minha participação, aqui, saudando com imenso carinho o Presidente desta Casa, que já está em outra área, aqui mesmo, fazendo um outro trabalho, meu companheiro do Sport Club Internacional, conselheiro como eu, companheiro de diretorias, e que preside com raro brilho a Casa do Povo, que é a Câmara Municipal de Porto Alegre. Fiquei honrado com as suas palavra, quando ele me chamou de companheiro de velhas jornadas. Efetivamente, Luiz Fernando Záchia é um companheiro do mais alto nível.

Cumprimento, também, e saúde o companheiro rotaryano, e que preside esta Sessão Solene, neste momento, Reginaldo Pujol, que, com raro brilho também me fez uma apresentação, falou de virtudes que eu possuo; falou com um carinho que nos deixa extremamente feliz. Eu saúdo, com muito respeito e grande admiração os Vereadores que fizeram aqui as suas apresentações, colocando-me em um pedestal, a que eu não tenho a mínima condição de chegar. Mas eles, com o dom da oratória, homens que têm facilidade de expressão e que conhecem como ninguém esta tribuna, tribuna do povo, que são os meus amigos que aqui estão: João Carlos Nedel, companheiro cristão, Vereador do mais alto gabarito nesta Cidade, e que nós temos um orgulho muito grande de sermos cristãos e termos aqui um representante desse nível. Obrigado, João Carlos Nedel, quando V. Ex.ª citou aqui que estou ajudando a reconstruir o telhado da Igreja Cristo Redentor, da qual eu tive o prazer de ver, quase a sua fundação. E que aqui estou olhando representantes daquela Igreja, Paulo Bernardes, Jairo Juliano, que estão representando a Igreja, como meus amigos, e fico feliz quando recebo um elogio da natureza que recebi do João Carlos Nedel. Muito obrigado. Estou orgulhoso de ser companheiro cristão do nobre Vereador.

Se vocês observaram bem, há um outro Vereador que ocupou esta Tribuna, que tem também uma facilidade muito grande de trazer ao conhecimento do seu público os seus sentimentos. Refiro-me a um Vereador, pelo qual tenho uma admiração muito grande. Ele disse: “Velho companheiro Dorocy”, e eu, na qualidade de velho, porque é no sentido carinhoso que ele assim se expressou, quero dizer a ele que nós dois temos uma história muito grande no campo esportivo, na área esportiva, que é esse Vereador fantástico e maravilhoso, o João Bosco Vaz. Nesta Cidade, na área esportiva, mais especificamente nas áreas varzeanas por onde passei, esse homem tem um papel preponderante. Ele recebe o meu abraço fraterno e amigo, e sempre serei o seu velho amigo em todas as circunstâncias, porque, efetivamente, render uma homenagem a um homem dessa natureza nos enche de alegria, porque somos testemunhas oculares do trabalho que ele realiza no campo esportivo. Parabéns, Ver. João Bosco Vaz.

Faço aqui uma menção especial a um Vereador por quem temos o máximo respeito pela sua atuação nesta Casa. Seis gestões está aqui dentro orgulhando o porto-alegrense ao saber que este Vereador está aqui atuando com categoria, com classe, com distinção, com humildade. É o nosso representante da Zona Norte dos mais categorizados. Pois, este Vereador, pelo qual temos respeito e admiração, me visita há algum tempo e me diz: “Dorocy, nós queremos prestar-te uma homenagem, porque a Cidade precisa resgatar o seu compromisso com a tua pessoa.” Eu disse: “Mas, Vereador, eu já estou recebendo a homenagem do porto-alegrense diariamente, porque eu vivo no meio da comunidade, sou um profissional requisitado pela comunidade de Porto Alegre para exercer a minha função e o faço com muito amor e com muito carinho a todos eles, conseqüentemente eu estou sempre com eles. Eles não me devem nada, eu é que devo para Porto Alegre, porque sou filho desta Cidade, eu tenho muito que agradecer à Cidade de Porto Alegre. Mas o Vereador, aqui, com a sua qualidade, com a sua forma de falar, que é carinhosa, notamos que ele faz isso com humildade, mas faz com um carinho imenso a uma pessoa que ele está homenageando. Isso me deixa efetivamente feliz. Meu estimado Ver. Elói Guimarães, a identidade que eu tenho com V. Ex.ª é da mais tenra idade, os nossos pais foram comerciantes praticamente juntos, isso eu não vou esquecer jamais, pois sempre estive ao lado desse homem, sempre torcendo pelo seu sucesso, vi este homem crescer politicamente, vi a sua família crescer com muita dignidade, vejo seu filho Carlos prestando toda a atenção às palavras que eu estou dizendo da família Guimarães! Nós, da Zona Norte, companheiro Elói, é que devemos providenciar imediatamente uma homenagem a tua pessoa pelo trabalho dignificante que V. Ex.ª faz aqui nesta Casa nessas seis gestões em que você participa. Estou orgulhoso de ser da Zona Norte, estou orgulhoso em saber que o Senhor indica o meu nome para que eu tenha, hoje, essa alegria muito grande em receber aqui a homenagem da Casa do Povo, da Câmara Municipal de Porto alegre me outorgando esse maravilhoso Título de Cidadão Emérito. Isso é, para mim, uma enorme alegria, e um orgulho que jamais perderei.

Se vocês pensam que eu estou terminando essa minha participação, vocês estão enganados, porque a Câmara Municipal de Porto Alegre me garantiu que eu tenho aqui, hoje, o horário que eu necessito e, recentemente, numa homenagem que me prestaram, me deram apenas uma hora e meia para fazer as minhas manifestações de agradecimento. Aí eu reclamei: eu preciso de mais tempo! E, hoje, foi aqui me dado, pelo Presidente Reginaldo Pujol, o horário que eu preciso, isso quer dizer que nós vamos ter que conversar um pouco mais, minha gente, porque que tenho de contar a vocês todos a minha vida, o que eu julgo ser da maior necessidade possível. Devo relatar a minha vida, para que justifique aqui, esta escolha. Eu não quero que ninguém vá para casa sem saber as minhas origens.

Mas eu cometi uma pequena gafe e quero, imediatamente, antes de falar sobre a minha vida, saudar o Presidente do Lindóia Tênis Clube, meu estimado companheiro e amigo Herbert Bencke, como também quero saudar o companheiro, que está aqui, e que é da nossa Associação dos Comerciantes da Zona Norte de Porto Alegre, da nossa ASSONORTE.

Eu tenho de saudar rotarianos; eu tenho de dizer que, nos trinta e seis anos que estou no Rotary, eu vejo as suas fisionomias que aqui estão: o Ary Diehl, companheiro, fundador do Rotary Clube Porto Alegre Passo da Areia; ao seu lado, eu vejo o Décio Celaime; vejo também João Frolich e Dante Rossi; vejo o nosso companheiro que é tradicionalista do mais alto gabarito, o Ramiro, que está ali, e, ao seu lado, imediatamente, estou vendo o meu amigo Antônio Carquede, o qual me prestigia muito com a sua presença.

Eu gostaria muito de dizer o nome de vocês todos. Estão aqui o Marivaldo Tumelero; o Rubens, meu primo, o qual me prestigia muito. Eu gostaria muito de falar aos rotarianos, individualmente, mas é impossível, porque demoraria muito tempo, mas eu saúdo, com carinho, as pessoas do Rotary Club Sarandi, Rotary Club Cachoeirinha, e do Rotary Club de Capão da Canoa, companheiros, dois casais, que vieram de Capão da Canoa para me trazer o seu prestígio, porque eu tive a felicidade, juntamente com o Rotary Passo da Areia, com os meus companheiros de Rotary, de fundar o Rotary de Capão da Canoa, Paulo Rainhart e a esposa Ilona; Geci Azevedo, meu companheiro fundador do Rotary Capão da Canoa e a esposa Caren Maria. São os companheiros sobre os quais eu estou falando, eu estou mencionando as pessoas que estou vendo, como o Presidente do Rotary Club Iguatemi, que também foi fundado pelo Passo da Areia; o meu querido amigo Luiz Fernando Somenzi. Vejo aqui mais algumas pessoas que, lamentavelmente, não estão aí para que eu pudesse saudá-los, mas eu saúdo todos os meus companheiros de Rotary, de todos os clubes que estão aqui hoje me prestigiando nesta homenagem que a Câmara de Vereadores de Porto Alegre presta.

Eu já agradeci, com o maior carinho possível, a Elói Guimarães, o homem que é o autor do Projeto de me outorgar este título. Eu fiquei extremamente orgulhoso, quando soube que esta Casa, ao fazer a votação da proposta desta homenagem, manifestou-se unanimemente. Isso foi, indiscutivelmente, um motivo da maior alegria, porque, ao, não ser contestado por ninguém, penso que nós temos que agradecer a Deus por nos oportunizar os caminhos livres para caminharmos nesta trajetória da nossa vida.

Quero contar, então, a vocês todos, afinal, quem é Dorocy João Pereira. Eu nasci no dia 05 de outubro de 1934, portanto, estou com sessenta e sete anos, na Rua José do Patrocínio. Segundo a minha mãe, numa noite chuvosa, de muito frio, grandes tempestades, relâmpagos, com os quais ela se assustou muito. Mas as pessoas que estavam com ela diziam: “Chegou o iluminado.” E eu, então, quando ela me disse isso, guardei dentro do meu coração, meu estimado amigo, que está me enxergando, que depois logo, logo, eu falo nele, tenho um profundo amor e respeito por ele, ele está bem na minha frente e sabe que eu estou falando a verdade, porque trata-se da nossa mãe.

Vejam os senhores que eu, nascendo na Cidade Baixa de Porto Alegre, na Rua José do Patrocínio, sou filho de Manoel Costa Pereira e Julieta Pereira, um casal que teve amor e muito carinho. Eles passaram por enormes dificuldades. Eu não quero falar muito sobre o meu pai e a minha mãe porque eu chego logo, logo, à emoção, mas vou tentar segurar. Moramos na José do Patrocínio, Cidade Baixa de Porto Alegre, e, logo, logo, nos mudamos para a Travessa Veneziana, lembra, Pedro? Travessa Veneziana, que, hoje, se chama Joaquim Nabuco. Nesta Travessa Veneziana, nós morávamos lá em 1941, o meu pai e a minha mãe, que tinham poucos recursos, foram atingidos pela enchente, na época, em Porto Alegre. Ou seja, nós perdemos tudo, no campo material, mas não perdemos a dignidade. O meu pai, cheio de vigor, continuou a sua vida, lutando, trabalhando na Companhia Carris Porto-Alegrense. Ele era motorneiro, veio de Tramandaí, com treze anos, e foi trabalhar, inicialmente, na Confeitaria Rocco, que, hoje, as nossas manchetes de jornais estavam mostrando, até por uma tremenda coincidência, ali trabalhou o meu pai durante alguns anos, até formar os cinco anos que precisava - ele veio com treze anos -; aos dezoito anos ele ingressou na Companhia Carris Porto-Alegrense como motorneiro, cobrador, fiscal, chefe de linha e foi o homem que chegou a uma condição, na Companhia Carris Porto-Alegrense, de maior liderança possível. É um grande orgulho que tenho do meu pai que chegou a Porto Alegre realmente sem nenhuma condição e conseguiu emprego, conseguiu trabalhar, conseguiu ser gente do maior gabarito. O meu pai ficou na Companhia Carris Porto-Alegrense um bom tempo, trabalhou dezoito anos e meio.

Após essa enchente de 41 fomos morar na Rua José do Patrocínio, mais perto da Borges de Medeiros, que era uma região mais alta, estava livre de enchentes. Para lá nós fomos - eu apenas com oito anos de idade. Chegamos lá na Rua José do Patrocínio, e meu pai, um empreendedor, mesmo sem os recursos necessários, e a minha mãe uma mulher trabalhadora, gostava de ajudar, montaram uma pensão para ali conseguir a sua independência, buscar condições financeiras para que ele pudesse criar os seus filhos que são: Doroty Helena Pereira, minha irmã, eu, meu irmão que ali está, Manoel Costa Pereira, a minha irmã Maria Luísa e a minha irmã Lia Lorena, que está hoje no Rio de Janeiro, não mora mais em Porto Alegre. São os nossos irmãos, a minha mãe e o meu pai que, a partir dessa data, de 1943, foram morar na Rua José do Patrocínio depois daquela catástrofe que ele passou, justamente na Cidade Baixa de Porto Alegre.

Ali na Rua José do Patrocínio eu fui estudar, tirar o curso primário no Colégio Rosário, saía de manhã de casa, sete horas, voltava ao meio-dia. Ali conheci o meu primeiro trabalho: a minha mãe fazia comida para fora - como estou dizendo aos senhores -, e eu chagava ao meio-dia, pegava as viandas e entregava aquelas viandas aos nossos clientes, os clientes do meu pai e da minha mãe. Eu fazia isso com muito carinho, porque exatamente eu estava ali para ajudar e, quando a gente ajuda, termina sendo beneficiado.

Esse meu pai era um cara atrevido! Era um empreendedor! Em 1945 ele comprou um terreno na Zona Norte de Porto Alegre, mais precisamente na Vila Floresta e lá, ele, com algum recurso que conseguiu, montou um armazém pequeno, uma casa de comércio e uma moradia. Fomos morar lá, nós, cinco filhos, mais o meu pai e a minha mãe e uma outra senhora que morava conosco, para começarmos uma nova vida, uma vida comercial. O meu pai tinha um desejo imenso de prosperar, de crescer, de ser realmente uma pessoa que desse a sua família condições de sobrevivência de forma digna. Ele conseguiu minha gente! Lá ficamos dentro da Zona Norte, mais precisamente na Vila Floresta, no Cristo Redentor até 1953, quando, em função de um negócio que ele estava montando na Rua Pinto Bandeira, que era uma empresa imobiliária pequena chamada imobiliária São Manoel, fomos morar bem perto, fomos morar no edifício Coliseu, para aquelas pessoas que conheceram esta área. Esse edifício está localizado na Rua Voluntários da Pátria esquina Rua Pinto Bandeira, onde meu pai se estabeleceu com a sua imobiliária. Ficamos lá por um período bastante expressivo, eu servi o Exército. Depois do Exército, cheguei sem eira nem beira; não tinha condição nenhuma, e meu pai me disse: “Vem trabalhar comigo pela manhã, já que tu tens a idéia fixa na tua cabeça de um dia ser jogador de futebol profissional.” Era o meu desejo, eram as minhas metas, eu queria ser um atleta profissional, porque, na ocasião, o futebol gaúcho tinha grandes astros. Foi exatamente com esses astros que fui jogar. Eu joguei contra Luisinho, contra Bodinho, Larry, Jerônimo, Chinesinho, contra Salvador, contra Odorico; eu joguei contra esses homens! Eu joguei contra o Grêmio que tinha no seu time o Ayrton, Enio Rodrigues, Ortunho, Gessi, Juarez, Milton, Vieira, esse era o time que eu fui enfrentar com apenas dezoito anos de idade, defendendo, naquela oportunidade, as cores do Força e Luz, porque eu tinha os meus tios todos voltados ao futebol. Um deles teve a coragem de levar o meu primo Roberto Botini e eu ao Força e Luz para fazermos um treinamento. No primeiro treinamento, fomos contratos e, na mesma semana, enfrentamos o futebol do Grêmio, Internacional, Cruzeiro, de Renner, de Aimoré de Novo Hamburgo, era um plantel de jogadores.

Eu quero tributar aqui a homenagem ao meu amigo Calunguinha que jogou no Grêmio comigo. Ele está ali, é funcionário desta Casa. Meu abraço, Calunga, estou te vendo, tu estás me matando de saudade, porque tu és um cara de quem eu tive prazer de jogar ao lado e foste um grande jogador. Se vocês quiserem aplaudir o Calunguinha, eu gostaria muito, vale a pena. Foi um grande jogador de futebol na minha época! (Palmas.)

Eu falei até a minha chegada ao futebol, coisa que me deixou feliz, porque um menino de dezoito anos envergar uma camiseta do Força e Luz, que mesmo sendo um clube de menos expressão, tinha jogadores notáveis, como Zacaria, Riograndino, Dorval, que chegou à seleção brasileira; Henrique, que jogou em vários clubes de Porto Alegre. Eu não falei no Renner, que era um time que foi campeão em 1954, e que várias vezes eu enfrentei. Mas a esses meus tios que tinham essa incumbência de levar os sobrinhos ao futebol, eu rendo a minha homenagem: ao tio Romeu, ao tio Plauto, ao tio Arquimedes, ao tio Luís, ao tio Omar, todos já falecidos, mas meu preito de gratidão a eles, porque eram os nossos torcedores, eram homens que nos ajudavam muito. Entre eles, nós tínhamos um grande atleta, um grande nome na nossa família: Hugo. Quem não lembra do Hugo Selling, o conhecido tio Hugo, jogador do Grêmio, jogador da seleção brasileira, era a nossa grande bandeira, era o nosso grande atleta da família Selling, Pereira, Motini e outros mais. Então, a minha homenagem a todos eles, especialmente porque já partiram e levaram com eles a nossa saudade muito grande. Mas tem um tio que aqui está – eu não queria falar em política, eu não vim aqui para falar em política, porque eu não gosto de falar em política -, que é, para nós, o nosso grande astro, no campo da segurança pública. Era um homem que quando exercia a sua função como delegado de polícia não existiam essas facilidades que hoje os marginais têm aqui na Cidade de Porto Alegre, porque ele proibia, ele chegava junto com essas pessoas, não deixava, sob hipótese alguma, nós, porto-alegrenses, as nossas famílias, terem qualquer tipo de insegurança. Eu me refiro ao meu tio, querido tio, irmão, criou-se comigo, o Delegado Pedro Selling, que aqui está me prestigiando, me dando um orgulho muito grande, porque a sua presença aqui é da maior importância. Esses foram os meus tios, pessoas que me ajudaram muito a fazer o futebol, a ser alguém no campo esportivo, mas as coisas nem sempre correm como a gente deseja. Apesar dos meus dezoito, dezenove anos, meu pai chegou um dia e disse assim: “Dorocy, eu vou te dar um conselho sábio. Você tem um futebol agradável, mas você jamais chegará a ser craque; você é um jogador de salário mínimo, jamais chegará a ser jogador pago em dólar. Então, por favor, vem trabalhar em tempo integral aqui com o teu pai que você vai ver que, num prazo muito curto, você chegará ao sucesso; você será um homem que está fadado a vencer.” Aí, ouvindo isso, fiquei intrigado, e disse: “Meu pai, eu sou um jogador, estou ganhando seis ou sete salários mínimos, e tenho um futuro brilhante; estou sendo convocado para a seleção gaúcha de futebol, jogando no Força e Luz. O senhor tem de entender, pai. Eu tenho vontade de ser craque.” “Mas tu não serás; tu serás craque vindo trabalhar na empresa do teu pai e vai ver como as coisas vão ter um significado muito grande.” E com isso, com esse sábio conselho, eu me retirei dos campos esportivos na área profissional e fui jogar futebol amador no Clube Atlético do Partenon, e lá eu tive a felicidade de encontrar grandes jogadores, e fui campeão amador com aquele time do Partenon, e nunca mais esqueci essas figuras, inclusive comigo jogou o Pedro Selling, e outros, e fomos campeões amadores em Porto Alegre e do Estado do Rio Grande do Sul. E são títulos que tenho com orgulho, porque jogava por amor, jogava por esporte. Eu acho que isso para mim foi benéfico. Além disso, nós temos um grupo da nossa família, chamado Carcará. Esse clube da família é um clube que tem cinqüenta anos. Nós jogamos junto desde os tempos da Telefônica, do Campo do Telefone do Menino Deus; sempre jogando a nossa família junto. Hoje o Carcará ainda é um clube nosso; não estamos jogando, porque a nossa idade chegou, o futebol não é mais para nós no campo de futebol de salão, e nós hoje somos torcedores fanáticos do clube Carcará.

Eu quero ainda falar sobre algo que me interessa muito. Eu estou aqui com a minha família, e com a minha segunda família, que eu quero fazer menção a elas. Em 1960, eu casei com Marli dos Santos Pereira e tive um relacionamento fantástico com ela por trinta e três anos. Ela me deu três filhos, que aqui estão comigo: eu vejo a minha filha, a Dr.ª Maristela Pereira Monteiro; eu vejo o meu filho, Rogério dos Santos Pereira; não vejo a minha filha Márcia, mas vejo a sua filha, Mariana; eu vejo as minhas duas netas, Gabriela e Fernanda, que dão ao seu avô uma grande recompensa. Eu amo vocês profundamente, é uma a família que eu estou ligado por laços de grande amor. Mas, em 1993, por essas coisas que acontecem na vida de qualquer um de nós, eu e a Marli nos separamos. Tenho por ela uma grande admiração e respeito, porque trata-se de uma pessoa do mais alto nível. Por tudo isso, ela merece que eu mencione o seu nome aqui e agradeço a ela, sempre que eu poço, pela família que ela me concedeu, pelos filhos e pelas netas. Eu não poço deixar de enaltecer a qualidade dessa grande mulher, que não está aqui presente, mas eu enalteço a sua presença.

Agora, tenho de falar da minha segunda família. Tenho uma vida maravilhosa com a minha mulher Rejane, que aqui está, e tenho um filho com três anos e meio. Um homem, como eu, com sessenta e três anos, colocar no mundo uma criança, fazendo com que essa criança seja a mesma criança que foram os meus filhos e que seja no futuro o que são hoje os meus filhos, é uma responsabilidade muito grande. Eu peço, diariamente, ao meu bom Deus que me dê alguns anos de vida a mais, porque eu preciso ter condições de ver esta criança com mais idade para que ela possa receber de mim um ensinamento que eu dei aos meus três filhos: Maristela, Márcia e Rogério.

Estou vendo ali meu sogro, minha sogra, pessoas pelos quais tenho uma grande admiração também e que me fazem feliz, porque me dão carinho, me dão um reconhecimento diário com relação a minha pessoa. Por isso, também, quero dizer a ti, Rejane, ao meu filho Gabriel... Até faço um aparte aqui, porque quando eu falo do Gabriel, eu me emociono - quero dizer que o nome dele é Gabriel Obedulho Vargas Pereira, cujo segundo nome, Sr. Presidente, deverá sempre estar, isso está escrito na história, eu estou antecipando aqui na Casa, a Casa do Povo, e que ali está um futuro homem da seleção brasileira, porque ele tem todas as condições para ser o que eu desejo.

Eu só quero dizer a vocês, Rejane, Gabriel, Igor, Alcina, vocês são fantásticos, me ajudaram muito e eu devo muito a vocês por tudo o que eu sou, por tudo o que eu estou conseguindo, não só a minha primeira família, mas vocês estão me dando tudo aquilo que um homem como eu preciso.

Quero continuar falando sobre a minha família, meu pai e minha mãe. Foi uma luta incessante para que esse homem com poucos recursos chegasse a formar filhos em Universidades. E aqui vejo o meu irmão médico, um dos mais brilhantes de Porto Alegre, um dos homens mais requisitados no campo da Medicina, especialmente na Medicina cardiológica, faz parte da equipe do Dr. Ivo Nesralla e é, indiscutivelmente, o grande orgulho da nossa família, este homem que ali está, com os seus cabelos brancos, apesar de muito jovem ainda, mas que foi formado, idealizado, levado aos bancos escolares, levado à faculdade, porque era esse o desejo do meu velho pai e da minha velha mãe, fazer dele o homem que ele é. A minha homenagem a ti, Edemar, de estar me prestigiando neste dia, nesta noite, me dando também muito orgulho da sua presença.

Eu quero também dizer que, com relação à área esportiva, eu tenho aqui o Calunga como testemunha, parei de jogar no Força e Luz, nas suas categorias de base; eu joguei no juvenil do Internacional, sim senhor, joguei sob a batuta de um homem que todos vocês se lembram, chamado Vicente Raupp, era o treinador das categorias de base do Internacional.

E nós nos reuníamos todos os sábados, e lá ele nos ensinava o que era o artista na bola, o que tinha que fazer um jogador de futebol. Aqueles ensinamentos que Vicente Raupp nos passava jamais esqueceremos. Passamos a nossa vida toda fazendo exatamente o que ele nos determinava e nos ajudava. Fomos jogar no Grêmio, sim senhor; apesar de colorado que sou, fui jogar no Grêmio. E, no Grêmio, eu dei a minha alma, eu dei o meu coração, dei a minha força, porque eu tive o prazer de comandar aquela equipe, orientada pelo Prof. Mendes Ribeiro, Calunga, e tu eras jogador comigo naquela época, tínhamos lá um grande plantel. Mas o Prof. Mendes Ribeiro levou todos os juniores do Grêmio para o Força e Luz. E lá, com dezenove anos, já estávamos jogando no primeiro time daquele clube, pelo qual nós também temos muita admiração, muito respeito, muita saudade, que foi o Clube Esportivo Força e Luz. Jogamos no Praiano também, vários anos pela SACC, defendi, com muito carinho, também, o Livramento Ribeiro na área de futebol de salão. E tenho que mencionar aqui o Clube Mercenários, do Colégio Anchieta, e lá eu vejo o meu amigo Nicácio, que veio aqui hoje trazer o seu prestigio a minha pessoa. No Colégio Anchieta, quando os meus filhos lá estudaram, eu participei durante vinte e cinco anos daquele grupo, e não estou ainda desligado, porque eu pretendo continuar jogando, logo que eu tiver condições físicas ideais, porque ainda estou machucado, estou tentando me recuperar. Mas eu não vou jamais esquecer, Nicácio, os nosso companheiros do Grupo Mercenários do Colégio Anchieta.

Ao meu clube social, e aqui foi dito pelos Vereadores, inclusive pelo companheiro João Bosco Vaz que eu tenho uma admiração, um carinho muito grande pelo nosso clube, isso é verdade. Pelo Lindóia Tênis Clube eu tenho forte admiração, porque também quase que o vi nascer, não cheguei na sua fundação, mas quase que o vi nascer e, logo que lá cheguei, tive a oportunidade de fazer vários amigos, e aqui vejo vários desses companheiros, aqui estão, eles participaram comigo de várias diretorias no Lindóia Tênis Clube. Não vou jamais esquecer do Lindóia Tênis Clube, porque, indiscutivelmente, é o clube social do meu coração.

Quero ainda falar sobre algo que me emotiva muito. Quando eu cheguei na Zona Norte de Porto Alegre, depois de ter morado, saído, e, para eu voltar, já casado, com duas filhas, Maristela e Márcia, morando no Partenon, num apartamento de um dormitório, meu maior desejo era retornar à Zona Norte, mas não havia condições ideais, surge na minha vida, e agora posso contar as oportunidades que recebi, o Comandante Pórtulo Floriano Scalabrin. O Comandante tinha, no Jardim Lindóia, dois terrenos que eram de sua propriedade. Foi transferido para o Rio de Janeiro, porque a Varig estava-se transferindo com todos os seus comandantes para lá, e ele me procurou na pequena imobiliária da Pinto Bandeira e disse-me que precisava vender os terrenos porque estava indo embora. Fui lá ver os terrenos. Quando eu vi aquela maravilha, fiquei impressionado e disse a ele que eu não tinha condições de comprá-los, mas tinha uma vontade imensa de fazê-lo. Eu disse a ele que, se um dia eu recebesse algumas condições, compraria os dois terrenos. Ele me perguntou se eu o pagaria. Eu disse que sim, que se um dia eu comprasse um terreno daquele gabarito, indiscutivelmente, eu pagaria. Então ele me disse que os terrenos eram meus. Vendeu-me os terrenos sem que eu tivesse condições, recursos, mas acreditou que um dia eu o pagaria. Comprei os dois terrenos, assumi uma dívida, comecei a pagar e, logo, vi uma imensa luz no fundo de um poço para que eu ali fizesse a minha primeira casa. O meu cunhado, Jorge Lemos Araújo, já falecido, conhecia um arquiteto chamado Pedro Paulo Comasseto, e me disse que o arquiteto construiria a casa para mim. Fui lá com ele. No mesmo ano, 1964, ele realmente fez a casa, eu me mudei com a Maristela, com a Márcia, com a Marli e fomos felizes nessa casa. Nessa casa nasceu o Rogério. Eu não posso deixar, neste momento, de agradecer a figura do Comandante Scalabrim, que acreditou que eu um dia pudesse, indiscutivelmente, chegar a uma casa com os meus próprios recursos. Por isso eu não o esquecerei jamais.

Chegando ao Jardim Lindóia, conheci Torbem de Alencastro Friedrich, Diretor Comercial da Carro do Povo, o seu pai era o dono do loteamento Jardim Lindóia. Eles precisavam vender aqueles terrenos, e não estavam conseguindo, me chamaram e eu fui ver de perto e me apaixonei por aquela área, por aqueles terrenos e comecei a trabalhar. A grande chance da minha vida exatamente quem me deu foi o Sr. Arno Luiz Friedrich, ele colocou na minha mão um loteamento do mais alto nível de Porto Alegre. Lá eu consegui fazer um trabalho, construí as duas casas, na praça, e, posteriormente, construí uma terceira residência que é onde, hoje, mora o Rogério e a Marli Pereira. A eles, ao Sr. Arno também em memória, ao Torbem, já falecido, o meu abraço fraterno e amigo pela oportunidade que me deram naquela época, e era difícil fazer o que foi feito a minha pessoa. Eu também quero agradecer aqui à Construtora Guerino, na pessoa dos seus quatro titulares, Aldo Barbieri, Gomercindo Carvalho, Inocente Rey Fortes, Jesus Fortes Rey, que me abriram as portas e fizeram com que o profissional fizesse ressonância. Lá, eu, então, busquei a minha afirmação profissional. Hoje, já estou na Av. Assis Brasil, desde 1972 nós temos lá clientes como a Guerino, a Ediba, a Pedri Construções, aqui estão o Ivo Pedri, o Ivo Pedri Filho, Valério Klein, Wilson Klein, Francisco Adorian, são homens que me ajudaram muito a chegar onde estou chegando hoje. A Losane, aqui está o seu Diretor, Wilson, a Astir, a Sipar e uma gama de empresas que hoje prestigiam a empresa que eu e meu filho dirigimos com muito amor e muito carinho.

Registro a presença do Governador do Rotary, meu amigo pessoal, eu o vi chegar, eu sempre o saúdo com aquele prazer imenso, porque trata-se de uma das maiores autoridades rotarianas que eu posso dizer que vi, que é um homem que traz a todos nós muita alegria, que é o Milton de Souza Tri.

Eu estou aqui, praticamente, encerrando a minha participação nesta noite, onde fui homenageado pela Casa do Povo, pela Câmara Municipal de Porto Alegre, por vocês todos.

Este título não é de Dorocy João Pereira, este título é de vocês todos que me ajudaram. Esses nobres Vereadores desta Casa, ao escolherem, por unanimidade, o meu nome, eu transfiro também este Título para vocês aqui da Casa do Povo, e sempre que vocês precisarem deste modesto colaborador, eu estou à disposição da Câmara Municipal de Porto Alegre, porque vocês são homens que dignificam a política desta Cidade, deste Estado e do Rio Grande do Sul. Tenho imensa admiração e respeito por vocês todos aqui da Câmara Municipal de Porto Alegre, porque eu saio daqui hoje orgulhoso por ter sido distinguido com este Título.

Deixo aqui um pensamento de minha outorga. Sempre quando vem algum pensamento de autor desconhecido, eu digo que é meu, porque jamais um pensamento, uma mensagem, pode ser de autor desconhecido, alguém tem de assumir a paternidade disso.

Vou deixar esta mensagem, este pensamento para a reflexão de todos, aliás, foi por intermédio deste pensamento, por intermédio destas normas, que eu hoje estou chegando aqui na Câmara e recebendo esta homenagem:

“Pensamento do Saber: Saber amar; saber perdoar; saber construir; saber ajudar; saber respeitar. Se o teu saber atingir a todos esses objetivos, por certo, você chegará ao final da tua vida, sabe como? Como um sábio.”

Como é hoje o meu pai para mim, um homem que só colocou coisas boas em minha vida, colocando-me na frente de oportunidades maravilhosas, e ensinou-me a ser gente, mesmo austero como era, homem danado, era um respeito, e ele me ensinou como saber respeitar. Era uma pessoa que não tinha uma cultura buscada nos bancos escolares ou nas universidades, mas ele tinha da faculdade da vida todos os ensinamentos, e nos deu enormes alegrias, ele nos mostrou o caminho, Maneca, mostrou que tu tinhas que ser gente como tu és. Mostrou, para mim, o que eu tinha que fazer, respeitar, saber amar, saber perdoar, era tudo o que ele ensinava, nos colocando em linha reta. “Jamais sejas desonesto na tua vida, seja sempre um homem digno e respeitado. Tu tens que ser um Pereira de marca maior, como serão os teus irmãos, porque eu não posso jamais pensar que tu não sejas exatamente isso.” Então, quando eu me lembro desta grande figura humana que era Manoel Costa Pereira, eu me emociono, eu me emociono muito ao dizer: “Meu pai, eu estou te vendo aqui, tudo o que tu me ensinaste eu coloquei na trajetória da minha vida e acho que estou te atingindo. Por certo, tu estás aqui, orgulhoso da tua família, orgulhoso dos teus filhos e, sobretudo, orgulhoso do Título que eu estou, hoje, recebendo. Que não é só meu, pai, é de vocês todos. Lembra das dificuldades por que nós passamos? Lembra aquela enchente que te levou tudo? Lembra o carinho, mesmo rude que tu eras, mas que sabia nos dar? Eu não vou jamais esquecer a tua figura, porque tu deste grandes exemplos.”

Hoje, ao receber algumas manifestações, que foram várias, eu recebi algumas que eu guardo com carinho, porque elas me tocam no fundo. Por exemplo: “só quem entende tudo de imóveis consegue morar no coração de Porto Alegre.”

“Parabéns Dorocy, Cidadão de Porto Alegre.” Isso aqui me foi, hoje, entregue pelos meus funcionários que não quero que sejam funcionários, são meus colegas de trabalho, pessoas ligadas ao Real Imóveis, que me deram, hoje, pela manhã, essa alegria com as suas assinaturas dizendo que eu estou “no coração de Porto Alegre”. Vocês falharam em uma coisa quando dizem que eu entendo de tudo, eu não entendo nada, eu apenas tento entender, e buscando exatamente isso é que chegamos aqui e recebemos essa mensagem. Muito obrigado meus companheiros de trabalho.

Recebi também essa mensagem dizendo assim: “Pai, todos nós sabemos que emérito é sinal de grande competência, são aqueles que têm a grande sabedoria, são pessoas ilustres, mas o melhor de tudo é que sabemos que todo esse conjunto de qualidades está em uma pessoa que amo muito, parabéns, pai, pela homenagem merecida que estas recebendo, estamos muito orgulhosos de ti, um grande beijo. Gabriela.” Um beijo, te amo muito; Nanda linda e maravilhosa, Lena minha filha conciliadora, a maior autoridade da família, te amo demais, e meu genro Eduardo. E, aqui, diz assim, ainda: “A tua neta Mariana, que um dia será Miss, vai te ver. Te prepara porque ela vai sorrir para ti.” Está ali sorrindo para mim com todo o amor que tenho por ela.

Esse é lindo também, talvez uma das mensagens mais gratificantes. “Meu amado Dorocy, sabemos que você é muito especial para nós, notável e amigo. Parabéns pelo título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, do teu filho Gabriel.” Esse safado que está correndo por tudo quanto é lugar, que não para nunca, e Rejane, minha mulher, que amo profundamente e por ti tenho um grande respeito. Muito obrigado pelo cartão que me atingiu muito.

Recebo também um cartão de uma pessoa por quem tenho profunda admiração, que diz assim: “Querido amigo Dorocy, o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre é um justo reconhecimento da nossa Cidade por tudo que tem feito por nós. Um abração daquele que te ama, Paulo Boanova.” Isso é fantástico, um homem mandar para outro uma mensagem dessas. Eu não quero, Otoci, estou te vendo com esse teu bigode lindo, esquecer ninguém. Por favor, se eu me esqueci de alguém, eu já pedi desculpas no início, porque a tensão, o estado de nervos em que me encontro não é brincadeira. Eu não quero deixar de mencionar nenhum. Eu digo: todos vocês são importantes para a minha pessoa. Logo em seguida, na Sala de Eventos, terei o prazer de recebê-los com um happy-hour que ofereço com muito carinho. Eu quero me despedir dizendo: saúde e paz, o resto, Pedro Selling, grande Delegado, você faz! Muito obrigado. (Palmas.)

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Reginaldo Pujol): Eu quero declarar que ainda eu tenho crédito com o querido Dorocy. Ele lamentou que lhe foi concedido, na festividade promovida pelo Shopping Lindóia, apenas uma 1h30min e que ele precisava de mais tempo. Eu quero dizer o seguinte: ele não conseguiu falar 1h30min, o que me deixa em crédito com ele naturalmente. Faltaram ainda doze minutos para chegar a 1h30min, ficou só em 1h18min, o que ele merece, de coração eu digo isso.

Deixo claro que conheço o Dorocy, sei que ele é um homem que, quando fala, o coração transborda. Seria um crime, neste dia, Ver. Elói Guimarães, limitar o seu tempo. Nós tínhamos que deixar que seu coração efetivamente transbordasse, que ele pudesse fazer essa histórica da sua vida, histórica que sei que o Ver. Elói Guimarães sabe muito bem, por isso se inspirou para propor essa Cidadania Emérita no que ele não encontrou nenhum obstáculo na Casa. Tudo facilitou, tudo foi no sentido de que a unanimidade fosse consagrada e que pudéssemos hoje estar celebrando este fato.

Eu quero, Dorocy, se tu me permitires, em nome da Casa, agradecer as várias representações de Rotarys Club aqui presentes, do Sarandi, da Cachoeirinha, do Passo d’Areia, de Capão de Canoa, - da minha Capão da Canoa -, do Iguatemi, do Partenon, ao nosso ex-governador, que se encontra aqui, nos dando grande satisfação, todos eles, unidos no objetivo de se somarem a esta homenagem que a esse grande rotariano se presta. O nosso querido Cidadão Emérito de Porto Alegre porta, no dia-a-dia, na sua atividade, na sua prática, o lema rotário: “Servir sem olhar a quem.” Como rotariano, também me sinto muito feliz em ter presidido esta Sessão e quero agradecer a presença prestigiosa das entidades, do empresariado, das representações da SACC e da SABA, da Aço Norte, do nosso Lindóia, do Sport Club Internacional, da Associação dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre, e dizer, ao final, com a tua permissão, que eu convoco o grande Vice-Presidente de futebol do Grêmio e há bem pouco tempo seu Vice-Presidente de Assuntos Médicos, para que, imediatamente, após esta solenidade, se ponha em campo para recuperar fisicamente esse grande atleta, momentaneamente afastado das lides esportivas. É uma determinação que lhe faço, como conselheiro do Grêmio e também na condição de Presidente do Partido ao qual nós dois somos filiados, o Partido da Frente Liberal. É uma ordem, Dr. Valandro! Cumpra-a com o imediatismo que o caso requer!

Convidamos todos os presentes para, em pé, ouvirmos o Hino Rio-Grandense.

 

(Executa-se o Hino Rio-Grandense.)

 

Agradecemos a presença de todos e convidamos para participar do coquetel em homenagem ao Dorocy João Pereira, no espaço desta Casa.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 21h05min.)

 

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